quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

CRENDICES DE ANO NOVO


                                    por  Paula Simon Ribeiro

           As comemorações de Ano Novo estão inseridas dentro do ciclo natalino, que vai de 25 de dezembro a 6 de janeiro, representando a festa profana deste período essencialmente religioso.

           Desde a antiguidade acredita-se que cada ano é um ciclo ao qual as pessoas estão ligadas, bem como a fertilidade da terra e dos animais e até mesmo a nossa sorte e prosperidade. Assim sendo, cada ano que finda e outro que se inicia representam o fim e o início de um ciclo, semelhantes a um ritual de magia. Por este motivo procuramos ter uma boa despedida e uma boa entrada.

            Nesta época em que universalmente predomina o clima de festa o espirito de renovação é o mesmo em qualquer parte do mundo. Cada povo tem seu modo peculiar de festejar esta data tão importante.

            No Brasil, herdeiro de traços culturais de inúmeros povos que aqui chegaram durante nossa formação histórica, formaram-se ao longo dos tempos, uma variedade de usos e costumes, que fazem desta época um emaranhado de crendices e superstições, que abrangem desde as iguarias servidas na ceia, a decoração da casa até a roupa que deve ser usada.

           O povo acredita que tudo que ocorre na noite e no primeiro dia do ano, se repetirá durante o ano todo, portanto, muito cuidado!  Nada de brigas ou desavenças! Devemos esquecer raivas e ressentimentos e começar o ano com alegria e boa vontade.

          Como todos nós somos um pouquinho (ou muito) supersticiosos, eis algumas sugestões que, seguidas à risca, nos trarão saúde, riqueza e paz.

           Para iniciar o ano com fartura na ceia da meia-noite não deve faltar um prato de lentilhas e outros cereais. Os grãos representam dinheiro. É costume fazer pacotinhos com 12 grãos (um para cada mês do ano) e distribui-los a todos os presentes na ceia. Estes pacotinhos devem ser guardados até o ano seguinte, quando serão substituídos. As antigas devem ser plantadas ou colocadas na panela quando se prepara a ceia.

           Espalhar ramos e grãos de trigo nos quatro cantos da casa. Devemos também comer frutas com grãos e uvas naturais, que se come um bago para cada mês do ano; passas, nozes e romãs nos dão a ideia da multiplicidade. Comê-las significa atrair para si progresso e fartura.

           Deve ser servida à mesa, carne de porco, que "fuça" para frente e é para frente que se quer andar, ou peixe que nada para frente e faz borbulhas dentro d’água. Carne de aves (galinha ou peru) que ciscam para trás devem ser evitadas.

           O brinde deve ser com champanhe cujas borbulhar são associadas à ideia de quantidade e prosperidade financeira, significam garantias de dinheiro em quantidades para o próximo ano.

            Para ter dinheiro o ano todo, coloca-se uma nota com o valor maior que se tiver dentro do sapato e passa-se a meia noite. Pelo mesmo motivo, subir num banquinho com o pé direito, com uma taça de champanhe na mão, formular um pedido, tomar a bebida e pular. Uma variante desta crendice ensina a subir numa cadeira e benzer-se com a rolha da garrafa de champanhe.

             Jogar todo o lixo da casa pela porta de frente, simbolizando a expulsão das cosas ruins.

             Deixar as tesouras abertas e talheres descruzados evita desentendimentos o ano todo. Se chover no primeiro dia do ano é bom sinal, a chuva lava os males e traz sorte.

            Deve-se também jogar fora o objeto mais velho que se tiver (pessoas não...). Quanto a roupa a ser usada são inúmeras sugestões. As religiões de matriz africana preferem o branco ou a cor do Orixá que vai reger o ano que está entrando.

            Popularmente acredita-se que se deve usar uma roupa nova e uma velha. Uma peça intima amarela atrai fortuna, rosa atrai amor e branco (cor de Oxalá) traz paz. Usar a calcinha pelo avesso traz sorte principalmente se for ganha de presente (comprada não vale).

            Simpatia para atrair dinheiro: deve-se reunir durante o ano moedas de pouco valor e distribuir para todas as pessoas que estão participando da ceia, até as crianças. Estas moedas devem ficar guardadas como talismãs para atrair outras de maior valor.

             Muito poderia ser dito sobre usos e costumes populares para as festas de final de ano, este texto não encerra o assunto pois cada pessoa possui seu folclore próprio , resultado das influências familiares e do meio em que vive.

              Desejamos aos leitores um 2017 próspero e feliz!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A tradição é o presépio - Por João Carlos Paixão Cortes

A TRADIÇÃO É O PRESÉPIO

    No período de festividades natalinas, que vai de 25 de dezembro  a 06 de janeiro do próximo ano,  festeja-se o nascimento  de Cristo e a chegada dos  Reis Magos junto a manjedoura, onde nasceu Jesus, após seguir  a Estrela Guia que iluminou os caminhos à Belém. 

   O presépio, representação do nascimento de Cristo, é o símbolo do Natal, herança dos povos cristãos formadores do nosso estado, e a mais pura religiosa tradição gaúcha, o qual entendo que deveria receber a atenção dos verdadeiros tradicionalistas. 

    No mais é um cenário de neve, de renas, de trenós, e de pinheirinhos coloridos, de desenhos e figuras  caricatas  não  cristãs, que servem pra antecipar os presentes que eram recebidos com a chegada dos Reis Magos, no dia 06 de janeiro. 

    Não é tradição herdada, é tradição criada e copiada, que os meios de comunicação divulgaram e globalizaram, só isso.

          Mas, eu sigo, nos meus 89 anos, homenageando as dezenas de Terno de Reis que saem "tirando reses" neste período natalino pelo mais diferentes rincões do Rio Grande e do Brasil.

  Este ano, meu Terno Virtual destaca nos seus versos o Presépio.



           O meu Terno canta:    

      Chegada    Meu senhor, dono da casa
Peço licença pra cantar
Recebei este terno
O passado vem lembrar

Vimos lhe cantar os Reis
E também lhe visitar
Ô de casa, casa santa
Onde Deus veio habitar

Porta aberta, luz acesa
É sinal de alegria
Entra eu, entra meu terno
Entra toda a companhia.


Louvação Quando entrei nesta sala
Vi um anjo em cada canto
Vi o presépio que é obra
Do Divino Espírito Santo

E nesse presépio oculto
Tão pobre de ostentação
Veio a luz  o belo vulto
Que nos trouxe a salvação.

Já nasceu o Menino Deus
Numa lapa em Belém
Foram todos adorar
Adoraremos também

Reclinado num presépio
Cheio de glória e luz
Fruto da Virgem Maria
Era o Menino Jesus

Despedida: Vamos dar a despedida
   Como deu Cristo em Belém
   Esse terno se despede
   Até o  ano que vem.

1980 - Festival de Terno de Reis em Osório
 

            PEÇO QUE CANTEMOS EM OUTRAS CASAS ATÉ O DIA DE REIS (06 DE JANEIRO) PARA QUE REALIZEMOS A NOSSA “MISSÃO” DE “TIRAR RESES” E LOUVAR A CHEGADA DE JESUS, JUNTO AO PRESÉPIO.



João Carlos D'Avila Paixão Cortes