quarta-feira, 29 de março de 2017

O Folclore da Semana Santa - Professora Paula Simon Ribeiro

           Os costumes de Páscoa entre alguns povos europeus são anteriores ao cristianismo, que, tendo dificuldades em erradica-los incorporou-os na Páscoa cristã.

           O culto à ressurreição reinterpretou os elementos da antiga mitologia pagã européia, que aos poucos foi se fixando e assimilando novos costumes oriundos de outras culturas.

           Segundo pesquisadores o povo hebreu celebrou a primeira Páscoa no mundo no seculo XIII a.C. Para este povo a festa significava a liberdade do cativeiro no Egito, quando guiados por Moisés atravessaram o Mar Vermelho. Os objetivos desta festa uma das mais importantes do calendário hebreu, é o lembrar aquele importante  momento que representa o marco inicial da saída do povo judeu em direção à Terra Prometida. A palavra vem do hebraico "Pessah" que significa Passagem.

Qual a relação entre Coelho e Ovos de Páscoa?

            O ovo é símbolo da força vital, de nascimento, e entre os chineses era costume ofertar ovos desejando uma longa vida. Tanto o ovo como a lebre ou coelho são símbolos de fertilidade e nascimento mais antigos que o cristianismo.

           Os antigos consideravam o ovo como a célula misteriosa que dá origem a todos os seres, logo o ovo simboliza a continuidade da vida através do nascimento. A lebre é simbolo de fartilidade, pela maneira rápida como se reproduz, era o animal sagrado da deusa Ostara (venerada como deusa da fertilidade), e assim foi  incorporado aos costumes da Páscoa cristã.
Em todos os países católicos é costume na Páscoa a troca de ovos e coelhos de chocolate, de açúcar e de marzipã.

           Na região de colonização alemã é costume pintar ovos de galinha e ofertar às crianças. Semanas antes da Páscoa, mães, avós e tias as escondidas fazem este trabalho. Em algumas regiões é costume pintar ou respingar com anilinas os animais domésticos, cães e gatos para que as crianças saibam que o coelhinho já está perto aprontando os ovinhos de Páscoa.

           Ovos são decorados com recortes, papel crepom torcido em forma de rolinhos e colados nos mesmos, formando desenhos e combinando cores e muitos outros motivos que hábeis mãos das mães e avós produzem para alegrar as crianças.

           No Rio Grande do Sul, estado povoado por diversas etnias, existe uma confluência de traços culturais, que se mesclam nestas comemorações.
Inúmeras crendices e superstições estão ligadas à Semana Santa e à Páscoa. Muitas prescrições e proibições são seguidas pelo povo.

           Podemos citar algumas: como a Semana Santa é tempo de luto pela Paixão e morte de Jesus Cristo, é proibido tocar instrumento musical, cantar, assobiar e mais ainda dançar.

           Na Sexta feira Santa, dia da morte de Cristo não se deve matar animal, carnear nem ordenhar as vacas. Não se deve comer carne ou ovos, que devem ser substituídos por peixe. Não se deve usar facas ou instrumentos cortantes ( o pão deve ser partido com a mão ou cortado na véspera), homens não devem barbear-se, mulheres não devem pentear os cabelos, os sinos das igrejas não devem ser repicados, somente se pode usar as matracas. Antigamente era costume fazer jejum e penitência nestes dias de luto.

           É tradicional o costume de colher Macela (o povo diz marcela) na madrugada de sexta-feira antes do sol nascer. Segundo a tradição o chá feito com esta erva terá efeitos milagrosos em relação a males do estomago e intestinos.Esta tradição está ligada a uma lenda segundo a qual um surto de doenças e males atingiu Jerusalém na época da crucificação de Jesus. Na sexta-feira alguém colheu a erva e preparou uma infusão oferecendo a todos os doentes, que logo ficaram curados. Nada prova que foi a macela , mas a tradição popular perpetuou este costume.

            Neste dia para se obter indulgências deve-se matar cobras e aranhas, lavar o rosto antes da Aleluia e virar as imagens de santos de frente para a parede ou cobri-las com pano roxo, desvirando-as ou descobrindo-as após a Aleluia.

            O povo acredita que durante todo o ano o diabo fica preso aos pés de Deus, mas na Sexta feira santa ele está solto e é preciso ter-se muito cuidado para não cair em tentação e cometer pecados graves.

           O tema é vasto  é  não se esgota neste texto, muito ainda poderia ser dito.....

Contagem regressiva para mais um #vempromate

           Quando o assunto é ‘chimarrão’, não existe qualquer distinção, seja de
raça, crença, nível cultural, posição social ou financeira. A bebida do gaúcho é popular e democrática. Não importa se a cuia é simples ou decorada - bomba e térmica da mesma forma. O chimarrão agrada a todos (ou pelo menos a muitos).
            Com esse espírito, o Movimento Tradicionalista Gaúcho mais uma vez faz a frente na realização do #vempromate. A iniciativa começou em 2015, com o objetivo de comemorar o Dia do Chimarrão e do Churrasco (24 de abril). O convite é para que, neste dia, todo apreciador publique uma fotografia sua mateando e, na medida do possível, também encontre amigos, familiares e colegas para celebrar presencialmente a data.
            Quem digitar #vempromate nos sistemas de busca de mídias sociais, em especial Facebook, Instagran e Twitter, entenderá a razão pela qual o chimarrão é símbolo de amizade e hospitalidade. As fotos que aparecem no relatório da pesquisa, relativas à edição de 2015 e 2016, evidenciam o quanto o chimarrão é popular. Não tem lugar, nem hora do dia, quanto menos tempo ruim. Crianças apreciam, adultos, idosos, homens e mulheres... O mate é companhia no trabalho, na sala de aula, nos momentos de lazer, quando se está sozinho ou acompanhado, com pilcha e sem pilcha.
           
Segundo o presidente do MTG, Nairo Callegaro, o #vempromate está se consolidando no calendário de eventos da entidade. ‘Muitas vezes somos criticados porque realizamos com muito sucesso eventos competitivos, seja na área campeira, seja na área artística, e o #vempromate vem mostrar que, antes de competir, estamos disponíveis ao encontro, à união”, afirma.

Fonte: Sandra Veroneze
Assessoria de Imprensa MTG

sábado, 11 de março de 2017

CRENDICES POPULARES SOBRE A LUA - Paula Simon Ribeiro

           A grande maioria de nossas crendices herdamos de Portugal, onde o povo apesar de muito religioso acredita em muitas coisas que a lógica ou a racionalidade não explicam.

           No meio rural é crença generalizada que a lua tem influência direta em toda a atividade humana, especialmente na lavoura, na pecuária, no clima, nas chuvas e até mesmo na vida do homem.
Para quem lida com plantações, as fases da lua devem ser cuidadosamente observadas.

           Na crescente, como a palavra já diz, tudo cresce, particularmente as plantas de cima da terra, porque as debaixo da terra (batatas, aipim,e outros tuberculos) vingam melhor na minguante.

           É também na minguante que deve ser cortada a madeira para ser utilizada na cnstrução de casas ou na fabricação de móveis. Isso evita o caruncho na madeira. É também a lua indicada para enfrenar e castrar animais, pois os mesmos estarão menos sujeitos a hemorragias e sangramentos.

             Para obter frutas saborosas as mudas de árvores devem ser plantadas dois ou três dias antes da lua cheia.
Tudo que é plantado na nova de agosto floresce rapidamente, logo, é a lua boa para plantar flores e ruim para hortaliças que devem ser cnsumidas antes da floração.

            Legumes de cabeça (repolho, alface e outros devem ser transplantados na minguante e as folhosas (couve, radiche, espinafre etc.) na nova.

            Quem cria aves deve cuidar para que o nascimento dos pintos não ocorra na minguante. Se forem colocados "no choco" na minguante os ovos "goram" e perde-se a ninhada. A influência da lua e das tempestades no choco é neutralizada por um prego enferrujado ou pedaços de carvão colocados no ninho.

            Para o cabelo crescer rapidamente deve ser cortado na nova, crêem alguns, outros acreditam que é na crescente. É consenso  geral que quem tem muito cabelo e não quer que cresca logo deve cortar na minguante.
Em algumas regiões acredita-se que nas sextas feiras de lua cheia aparecem lobisomens.

            Em grupos mais primitivos acredita-se no maleficio da lua em relação à mulher grávida. Esta não deve dormir banhada pelo luar, pois o filho nascerá "aluado", "fraco da cabeça", (com problemas mentais). Para que a criança cresça forte e sadia é costume apresentá-la à lua e convidá-la para madrinha do bebe, que passará a chama-la de "dindinha lua" e lhe pedirá a benção.

           Não se deve deixar as fraldas do recém-nascido no varal à luz do luar pois este terá colicas. Se isto acontecer, a mãe com o filho nos braços o mostra para a lua e reza esta oração; "Lua, luar, me deste este filho e me ajuda a criar".

            A lua também é consultada na previsão do tempo. "Lua nova trovejada, toda ela é molhada", se chover durante a nova de abril todo inverno será chuvoso. Se estiver chovendo quando a lua cheia deve aparecer, a chuva para, pois "lua cheia come a chuva".

           "Quando míngua a lua não comeces coisa alguma", é um ditado popular que aconselha a não iniciar tarefa na minguante.

            É crença que a lua atende pedidos. Para obter-se algo que se deseje, deve-se fazer esta oração com muita fé olhando para a lua nova.
"Deus te salve lua nova/ Deus te dê um bom crescente/ da próxima vez que vieres/ Traga-me este presente (faz-se o pedido)

15 sem Barbosa Lessa

           Hoje, completa, exatamente, 15 anos que Luiz Carlos Barbosa Lessa nos deixou. Lessa nasceu em Piratini, no dia 13 de dezembro de 1929 e veio a falecer, depois de tres dias no hospital, em Camaquã, dia 11 de março de 2002. Folclorista, escritor, músico, advogado, historiador, produtor executivo de televisão, radialista, secretário de cultura do Rio Grande do Sul e um dos 20 gaúchos que marcaram o seculo XX.


            Ao mesmo tempo em que se dedicava à implantação do tradicionalismo, Lessa passou a pesquisar a música regional. Em 1957, criou a popular toada Negrinho do Pastoreio, canção é baseada na lenda escravo que, ao perder a tropilha de cavalos do patrão, é amarrado e jogado em um formigueiro para morrer. Dentre suas obras mais conhecidas destacam-se "Rodeio dos ventos", um épico sobre como seria vida do povo gaúcho, e "Os guaxos", pelo qual recebeu prêmio em 1959 da Academia Brasileira de Letras.

          Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo de construção do Movimento Tradicionalista Gaúcho desde a construção do 35.

          Hoje, sentimos saudades, pois não conseguimos desfrutar de tanto conhecimento. Que descanse em paz nosso grande mestre.

           São os votos e a homenagem da Comissão Gaucha de Folclore