domingo, 31 de dezembro de 2017

A TRADIÇÃO É O PRESÉPIO - por João Carlo Paixão Cortes

            No período de festividades natalinas, que vai de 25 de dezembro a 06 de janeiro do próximo ano, festeja-se o nascimento de Cristo e a chegada dos Reis Magos junto a manjedoura, onde nasceu Jesus, após seguir a Estrela Guia que iluminou os caminhos à Belém.

            O presépio, representação do nascimento de Cristo, é o símbolo do Natal, herança dos povos cristãos formadores do nosso estado, e a mais pura religiosa tradição gaúcha, o qual entendo que deveria receber a atenção dos verdadeiros tradicionalistas.

             No mais é um cenário de neve, de renas, de trenós, e de pinheirinhos coloridos, de desenhos e figuras caricatas não cristãs, que servem pra antecipar os presentes que eram recebidos com a chegada dos Reis Magos, no dia 06 de janeiro.

            Não é tradição herdada, é tradição criada e copiada, que os meios de comunicação divulgaram e globalizaram, só isso.

            Mas, eu sigo, nos meus 90 anos, homenageando as dezenas de Terno de Reis que saem "tirando reses" neste período natalino pelo mais diferentes rincões do Rio Grande e do Brasil.
             Este ano, meu Terno Virtual destaca nos seus versos o Presépio.


1980 Festival de Terno de Reis, Osório.

O meu Terno canta:

Chegada Meu senhor, dono da casa
Peço licença pra cantar
Recebei este terno
O passado vem lembrar

Vimos lhe cantar os Reis
E também lhe visitar
Ô de casa, casa santa
Onde Deus veio habitar

Porta aberta, luz acesa
É sinal de alegria
Entra eu, entra meu terno
Entra toda a companhia.

Louvação Quando entrei nesta sala
Vi um anjo em cada canto
Vi o presépio que é obra
Do Divino Espírito Santo

E nesse presépio oculto
Tão pobre de ostentação
Veio a luz o belo vulto
Que nos trouxe a salvação.

Já nasceu o Menino Deus
Numa lapa em Belém
Foram todos adorar
Adoraremos também

Reclinado num presépio
Cheio de glória e luz
Fruto da Virgem Maria
Era o Menino Jesus

Despedida Vamos dar a despedida
Como deu Cristo em Belém
Esse terno se despede
Até o ano que vem.

PEÇO QUE REENCAMINHE ESTE TERNO PARA QUE CANTEMOS EM OUTRAS CASAS ATÉ O DIA DE REIS (06 DE JANEIRO) PARA QUE REALIZEMOS A NOSSA “MISSÃO” DE “TIRAR RESES” E LOUVAR A CHEGADA DE JESUS, JUNTO AO PRESÉPIO.

MUITA PAZ E SAÚDE A TODOS ONDE ESTA MENSAGEM POSSA CHEGAR.

J.C. PAIXÃO CÔRTES E FAMÍLIA
(Enviado por Alessandra Motta)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Comissão Gaúcha de Folclore empossa nova diretoria

      A Comissão Gaúcha de Folclore, entidade ligada a Comissão Nacional de Folclore e reconhecida pela UNESCO, elegeu, neste sábado, dia 16, a nova diretoria e, juntamente com a Fundação Santos Herrmann recebeu seus membros, associados e amigos para o evento de inauguração das melhorias físicas em sua sede social, também para o ingresso formal de novos integrantes em seus quadros associativos e encerramento das atividades de 2017.

Presidente: Octávio Cappuano
1º Vice-presidente: Ivo Benfatto
2º Vice-presidente: Paulo Roberto de Fraga Ciirne
Secretária: Renata de Cássia Moraes Pletz
Tesoureiro: Daniel Zardo

COMISSÃO GAÚCHA DE FOLCLORE:
Erika Hanssen Madaleno – Associado Honorário
Marco Aurélio Alves – Associado Honorário
Doroteo Fagundes de Abreu – Associado Efetivo
Paulo César Campos de Campos – Associado Efetivo
Plínio José Borges Mósca – Associado Efetivo
Alessandra Carvalho Motta – Associada Efetiva
Aimara Bolsi – Associada Aspirante
Lauro Valdenir Fagundes Freitas – Associado Aspirante

FUNDAÇÃO SANTOS HERRMANN
Doroteo Fagundes de Abreu
Erika Hanssen Madaleno
Paulo César Campos de Campos
Marco Aurélio Alves,
Plínio José Borges Mósca
Alessandra Carvalho Motta

domingo, 3 de dezembro de 2017

O Maracatu - Por Paula Simon Ribeiro

Maracatu 
Paula Simon Ribeiro

            Manifestação folclórica surgida no Pernambuco na Zona da Mata e disseminada em vários estados do nordeste brasileiro e também no carnaval. Reconhecido como patrimônio cultural imaterial da região. Surgiu entre fins do século XIX e início do século XX.

            Representa um dos mais antigos ritmos de origem africana. É formado pelo cortejo e por um conjunto instrumental com instrumentos de percussão que o acompanha.  

            Existe registro de existência de Maracatu em Pernambuco desde 1711, e o mais antigo em vigência é o Maracatu Elefante, fundado em 15 de novembro de 1800 no Recife pelo escravo Manuel Santiago.  De modo geral os Maracatus são regidos por homens, o Elefante foi o primeiro a ter uma Rainha mulher, Dona Santa. Outra peculiaridade neste Grupo é que leva três calungas (e não duas como outros Maracatus) , em homenagem a Dona Leopoldina, Dom Luis e Dona Emília, que representam os orixás Iansã, Xangô e Oxum .

           O nome Elefante como símbolo é em homenagem a Oxalá que segundo a crença protege este animal.

           Os Maracatus mais antigos foram criados por negros trabalhadores rurais dos engenhos de Nazaré da Mata, trabalhadores dos canaviais.

Existem dois tipos de Maracatu:

          Maracatu Rural ou de Baque Solto e Maracatu Nação de Baque Virado que diferem um do outro por seus personagens, organização e pelo ritmo. Este cortejo recria em terras brasileiras as antigas cortes africanas que ao serem escravizados conservaram suas raízes, mantendo seus títulos de nobreza.

         Não tem um enredo nem dança é um cortejo ritmado pelos tambores com acompanhamento de percussão. Inúmeras figuras formam o cortejo, que trazem também figuras de outros autos, como o Mateus e a Catirina personagens do bumba meu Boi.

          O cortejo é aberto pelo bandeireiro ou porta o estandarte que conduz o estandarte com o nome da entidade ou agremiação (Nação Pici, Leão Coroado, Rei de Paus e outros).

         No cortejo estão o Rei a Rainha, a Dama do paço que leva nas mãos a Calunga, uma boneca de madeira ricamente vestida (a calunga representa uma antiga rainha ou uma divindade), o vassalo que leva o pálio, guarda sol ou sombrinha que protege os reis. Compõem ainda o cortejo, as iabás ou baianas e outros. Os batuqueiros acompanham o cortejo tocando diversos instrumentos como alfaias (tambores), caixas de guerra, xequerês, maracás, cuíca (também chamada de porca), zabumba e outros. Os caboclos de lança, figura que surgiu mais recentemente tem ganho bastante força, são caboclos que realizam movimentos com a lança em muitas direções e levam presos à roupa guizos ou chocalhos, dando uma marcação mais rápida ao Maracatu de Baque Solto.

           No Maracatu Rural a parte musical é composta por mais instrumentos, além da percussão aparecem os metais (clarinete, saxofone, trombone, pistom).
É de notar que na maioria dos cortejos de Maracatu a Rainha é representado por um homem. É praxe pintar o rosto de preto.

           Por que Homem? o traje da rainha é belíssimo, luxuosamente bordado com pedrarias e, portanto, muito pesado, chegando a 25 quilos, peso demasiado para uma personagem feminina. Outra explicação é de ordem social, quando os maracatus surgiram em final do século XIX não era permitido a mulheres saírem em cortejo. Num tempo de submissão da mulher, estas ficavam restritas às casas não sendo possível sua participação em cortejos de rua.

            O Maracatu espalhou-se, veio da zona da mata para o litoral e espalhou-se para outros estados inclusive.

            O Maracatu Cearense surgiu na década de 50 do século passado (não se tem registros de existir antes desta época), entretanto alguns autores acreditam já existir em final do século XIX com ligação com as Irmandades do Rosário.

           É uma brincadeira bastante semelhante ao pernambucano, tem na sua estrutura o desfile da corte acompanhada pela percussão. Os integrantes da corte tem o rosto pintado de preto, e seu movimento é mais cadenciado e se destacam o balaieiro (levando na cabeça o balaio de frutas representando a fartura) e o casal de Pretos Velhos.

Comissão Gaucha de Folclore convoca para eleição

EDITAL DE CONVOCAÇÃO
ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA ELETIVA
TRIÊNIO 2018 A 2020

            O presidente da Comissão Gaúcha de Folclore, Ivo Benfatto, convoca os associados fundadores e efetivos, de acordo com o que  determina o Estatuto vigente em seu Art. 10, alíneas a e b,  Art. 11, parágrafo 1º,  e os  Art. 20, 21, e 38 para a realização de Assembleia Geral Ordinária – Assembleia Geral Eletiva, no dia 16 de dezembro de 2017, em sua sede, na Rua Olinda 368, nesta cidade de Porto Alegre/RS, às 15:00h em primeira convocação e às 15h30min com qualquer número de associados  fundadores e efetivos presentes, para a seguinte pauta:

1ª PARTE:
1.Abertura da Assembleia Eletiva pelo presidente da CGF;
2.Indicação de presidente da Assembleia pelo plenário dos associados;
3.Apresentação de associados efetivos concorrentes aos cargos estatutários eletivos da  Diretoria da CGF para a gestão 2018-20: Presidente, 1º Vice-presidente, 2º Vice-presidente da CGF, e para três membros titulares e dois suplentes para o Conselho Consultivo e Fiscal, para os anos de 2018 e 2019.
4.Eleição propriamente dita pelos  associados  efetivos  que formam o plenário.
5.Proclamação do resultado e Posse dos eleitos

2ª  PARTE
6.Inauguração do novo piso externo da sede.
7.Admissão de novos associados da CGF.
8.Reunião Festiva com coquetel.

Porto Alegre, 29 de novembro  de 2017

Prof. Ivo Benfatto
Presidente CGF

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

CGF promove o programa "Falando em Folclore", dia 22, as 19h

           Constituído por lendas, mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração em geração, o folclore é o conjunto destas tradições e manifestações populares que teve  origem no inglês, "folklore" - "sabedoria popular", formada pela junção de folk (povo) e lore (sabedoria ou conhecimento). 

           O folclore brasileiro inclui mitos, lendas, ritos, cerimônias religiosas, contos populares, brincadeiras, provérbios, poesia, cordéis, adivinhações, gastronomia, vestuário, adereços e tudo o que está inserido neste universo do imaginário popular.  E no dia 22/08 celebramos o seu dia. 

           E para comemorar a data, a Comissão Gaúcha de Folclore estará promovendo um programa especial - "Falando em Folclore" - dia 22 as 19h com os membros da Diretoria da entidade. A transmissão será feita nos estúdios da AG Produtora, através do amigo Odilon Ramos, em sua Rádio Web Campo Afora.

Algumas rádios estão fechando parceria para retransmissão:

Radio Santa Isabel FM de Viamão - Do amigo Celdo Broda.
Radio Campo Afora, Santo Antonio da Patrulha - Odilon Ramos.
Rádio Nordeste FM, de Bom Jesus -Diretor Fernando Valmórbida
Radio Ideal FM, de Formigueiro - Antônio Missau
Radio Campeiro FM. com, Cruzeiro do Sul - Diretor Claiton Miranda
- Rádio Guapo On Line, de Viamão - Diretor Adilson Castro
- Nova Onda Fm, de Bagé  - Diretor Oriovaldo Fagundes
Radio Web Voz da Querência, de Canoas - Diretor José Biulchi 
- Radio WEB Quero Quero, de Porto Alegre - Diretor Ricardo Fontoura
Rádio chimarrão, de Caxias do Sul - Com apoio de Rudy de Faveri             
Rádio UAB FM, de Caxias do Sul                        
Rádio Passos, de Água Santa RS                        
Rádio Castelhana FM, de Mato Castelhano/RS                        
Rádio Taborda, de Ponta Grossa/PR                        
Mix Web Rádio Bento Gonçalves, de Bento/RS                        
Rádio Tchê Gaudéria, de Passo de Torres/SC                        
Web rádio Universo, de Ibiaçá RS
- Radio Capital Web, Luis Eduardo Magalhães/BA - Antonio Zanco, "Toninho Gaúcho"

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

FOLCLORE MAGICO - Amuletos - por Paula Simon Ribeiro

            Já falamos anteriormente que os amuletos correspondem a materialização da superstição e das crendices. São representados por objetos que após serem magnetizados, vibrados ou preparados ritualisticamente se supõe adquiram o poder de proteger ou imunizar quem os possui de qualquer maleficio ou má sorte.

            Existem diferentes tipos de objetos usados como proteção, os talismãs para trazerem boa sorte e os fetiches, que possuem um "espírito" morador capaz de ações concretas. Podem ser religiosos ou profanos.

            Entre os religiosos destacam-se:

Relíquia - fragmento de um objeto que tenha pertencido a um santo. O "Lenho Sagrado" (fragmento da Cruz que serviu ao sacrificio de Jesus Cristo, pedaço do Manto de Cristo, retalho da batina do Padre João Batista Reus ou do Padre Cícero e outros.

Bentinho - ou Escapulário, pequena almofadinha benta pelo padre, que presa a uma corrente ou cordão em forma de colar é levada ao pescoço de pessoas religiosas.

Medalha Milagrosa - com a efigie do santo da devoção do portador.
Agnus Dei - oração ao Cordeiro de Deus, levada constantemente pelo devoto.
Água Benta - Para a Igreja Católica é essencialmente ligada ao sacramento do Santo Batismo, é sobretudo a origem da vida, é sinal de bênção. Sua falta representa a maldição, a sede, a seca e, consequentemente, a fome e a morte.A água simboliza também a limpeza interior e a purificação dos pecados.

Fitas do Senhor do Bomfim - Os crentes usam amarradas ao pulso. É feito um pedido ao Santo e deixando-se a fita até cair, quando o pedido será atendido.

Entre os amuletos profanos se destacam:

Talismã, Mascote - qualquer objeto ao qual é atribuido uma força mágica, que supõe-se seja capaz de uma ação direta possta à disposição de seu proprietário, (tipo lâmpada de Aladim, anel ou selo de Salomão).

Chifre, trevo, pata de coelho, alfinete e outros - diversos objetos são considerados amuletos e utilizados por inúmeras pessoas nos quais depositam suas crenças e esperanças.É crença generalizada que encontrar um trevo de quatro folhas traz sorte, bem como encontrar alfinete no chão (desde que não seja de cabeça preta que atrai morte). 

FOLCLORE MAGICO - Amuletos - por Paula Simon Ribeiro

       Figa - um dos mais tradicionais amuletos conhecidos em todos os tempos é oriunda das crenças pagãs, dos velhos cultos fálicos da Ásia e da África. Representa também o símbolo da fertilidade e pode apresentar-se em um sem número de materiais, entretanto a mais cobiçada é a de madeira chamada Figa da Guiné. As primeiras figas de que se tem notícias foram fabricadas com madeira da figueira, (entre os caldeus, esta árvore é símbolo da vida, da fecundidade e da proteção, já que foi com folhas da figueira que Adão e Eva recobriram sua nudez ao serem expulsos do Paraíso.)

      Tradicionalmente ao nascer uma criança a madrinha deve oferecer uma pequena figa de ouro para proteção da criança contra mau olhado, quebranto e outros males. 

      Ferradura- é um dos mais populares objeto de crença supersticiosa e a opinião geral é que atrai boa sorte encontrar na rua e trazer para casa colocando-a sobre a porta de entrada da residência, com as pontas viradas para cima. Outros creem que as pontas devem ficar para baixo, com a curva formando um céu ou uma casa, abrigo para o homem.  O poder da ferradura é atribuido por a mesma ter sido criada no fogo sagrado e ser feita de ferro, metal igualmente sagrado.

       Patuá ou Breve - saquinho de pano ou couro contendo uma oração forte ou "ponto riscado" que deve ser levado ao pescoço e segundo a crença popular imuniza de qualquer mal tornando invulnerável o seu portador.
Guia de Santo - Colar feito de coninhas (missangas) com as cores dos Orixás, de contas ou de sementes que os iniciados em religiões de Matriz Africana usam ao pescoço ou atravessadas no corpo. Devem ser "trabalhadas" no pegi e cada tipo tem um significado ritual, além de atuarem como ponto de fixação de forças. A cada "obrigação cumprida" o filho de santo recebe uma guia correspondente.

      Este texto não esgota o assunto, a imaginação e as crenças do ser humano são infinitas e muito ainda se poderia falar sobre o ansia que o homem tem de dominar as forças sobrenaturais.


Comissão Gaúcha de Folclore entrega Medalha Dante de Laytano

            Comissão Gaúcha de Folclore - CGF, estará outorgando a mais alta condecoração por mérito na área do folclore no Rio Grande do Sul, a Medalha Dante de Laytano, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados para a preservação, promoção, pesquisa e defesa do folclore e das manifestações culturais tradicionais populares gaúchas à Paulo de Freitas Mendonça e Dorotéo Fagundes.  A entrega do Diploma e Medalha acontecerá no próximo dia 18 de agosto, às 20 horas, durante a Festa das Etnias, no Galpão do “35” CTG, Av. Ipiranga, 5300.

           No mesmo dia serão entregues os diplomas da Fundação Santos Hermann aos vencedores do ENART nas categorias instrumentos de cordas: Violino ou rabeca, Viola e Violão. 

Violino ou Rabeca
1º Lugar – MATHEUS SEBALHOS LAMEIRA – DTG NOEL GUARANY – SANTA MARIA – 13ª RT
2º Lugar – NATÁLIA CIMA – CTG TROPILHA FARRAPA – LAJEADO – 24ª RT
3º Lugar – TIAGO LUIGI GUADAGNIN RADIN – CTG POUSADA DO IMIGRANTE – NOVA BASSANO – 11ª RT

Violão
1º Lugar – JEAN CARLO MOURA DE GODOY – CTG M´BORORÉ – CAMPO BOM – 30ª RT
2º Lugar – PABLO MACHADO CARDOSO – CPF PIÁ DO SUL – SANTA MARIA – 13ª RT
3º Lugar – GABRIEL BORBA CORDERO – DTG DEPTO. CULTURAL ALMA GAÚCHA – DOM PEDRITO – 18ª RT

Viola
1º Lugar – ALISON JORGE DE MELO FERNANDES – DT HERDEIROS DA TRADIÇÃO – JÚLIO DE CASTILHOS – 9ª RT
2º Lugar – RODRIGO ZILIOTTO – CTG SINUELO – CAXIAS DO SUL – 25ª RT

3º Lugar – CHRISTIAN LUIZ ALBARELLO – CTG UNIDOS PELA TRADIÇÃO RIOGRANDENSE – CARAZINHO – 7ª RT

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Apenas uma crônica no dia dos pais - Por Renata Pletz

            Minha vida é regida por versos e letras. Assim eu sou. Isto que eu amo: poesia, palavras... Desde muito, me expresso escrevendo. Se bem ou mal, não sei...
Acontece que hoje, na hora do mate, só pra variar um pouco, lembrei do meu pai. Apenas uma cena diária que nos desperta algo que é difícil explicar. A tal cena cotidiana, incansavelmente buscada pelos cronistas. O meu mais velho: “Mãe, tu tá com a perna suja de erva de novo!” Sim. Estou sempre. 

            Um gesto pra mim tão automático: ajeitar a bomba, acomodar o barranco e limpar a mão na coxa direita, me fez lembrar tanta, mas tanta coisa.

            Lembrei do meu pai. Me peguei fazendo exatamente como ele fazia. E fui lembrando, lembrando... E a tal saudade foi tomando conta. E lembrar dói. Mas é bom lembrar, pra que assim as coisas não se percam.

            Coisas tão pequenas que pra mim são grandes. “Coisinha”, como ele dizia, naquele vocabulário de quem tinha “pouca instrução, só o quarto livro bem forte, mas um ‘hômi mundiado’” como poucos.

            Ah... Aquele vocabulário... Às vezes me pego usando alguns termos e expressões tão dele e tão plenos de significado que nenhum academicismo me daria.

            Suas implicâncias... Bastava não simpatizar com algo que implicava. E muitas vezes, até com o que gostava, só por hábito. Ainda sinto, por exemplo, sua mão pesada, nodosa, tão áspera, me esparramando o cabelo na desajeitada tentativa de um carinho: “Tu tem esse cabelo que não se ajeita. Escorrido. Igual ao da tua mãe. Cabelo de bugra. Herança da gente da ‘veia’ Eva. Pois diz que a vó da tua vó foi caçada no mato e trazida ‘pras casa’ numa gaiola”. E lá vinha história...

            As histórias são um capítulo à parte. Histórias que eu sabia de cor, mas ainda assim perguntava só pra ouvi-lo contar de novo e de novo daquele jeito só dele. Tinha as de tirar gado da enchente no inverno junto com o vovô. As de quando serviu ao exército na Cavalaria Montada em São Gabriel. As de quando trabalhava na fronteira com a Argentina.

           E a Argentina exercia nele certo fascínio. Era apaixonado por tudo que se referisse à “República del Plata”. Talvez por conta de sua ascendência e do tal “bisavô João Ramos que veio junto com um ‘ermão’ dele ‘pro’ Triunfo depois que findou a revolução”. Eu “virava numa tigra” (outra do vocabulário dele!) quando percebia estar ele a torcer pelos castelhanos no clássico futebolístico Brasil x Argentina. Ele disfarçava. Mas torcia. E comemorava em silêncio com um sorrisinho de canto de boca quando a vitória era dos hermanos.

            Tudo por lá era melhor. Até a maçã. “Olha nenê, o que eu te trouxe: maçã. Essa é boa. Argentina. Vermelha e docinha. Trouxe pra ti.” Esse era o meu presente. Um saquinho de rede de ráfia amarela, cheio de maçãs embrulhadas em papel de seda roxo, comprado na passarela da estação rodoviária de Porto Alegre, onde ele fazia baldeação pra vir pra casa, depois de um mês trabalhando na fronteira. Mas pra mim, eram argentinas. Gosto de infância. Memória olfativa. As mais doces e cheirosas maçãs sempre serão as argentinas.

            Exemplo de retidão de caráter e princípios invioláveis. Homem de bem e de palavra: “Age mais e fala menos”; “Verdade não tem metade”. Grosseiro e birrento, o exemplo do “xucrismo”. E, ao mesmo tempo, o olhar mais terno e doce que eu conheci veio daqueles olhos do verde mais profundo. De quem eu jamais escutei um “eu te amo”. Nunca precisei. Sempre soube.

Renata Pletz
Secretária da CGF

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Comissão Gaúcha de Folclore conclui mais um curso

            A Comissão Gaúcha de Folclore, entidade ligada à Comissão Nacional de Folclore e reconhecida pela UNESCO, promoveu e realizou o seu curso anual de folclore, nas dependências do Memorial do Rio Grande do Sul.
            O presidente da CGF, Ivo Benfatto classificou como positivo o curso pois a Comissão cumpriu com seus estatutos realizando atividades voltadas às cultuas populares. Muitos palestrantes com mestrado, doutorado, especialistas nas áreas de atuação valorizaram cada aula nos dois finais de semana que o curso aconteceu nas dependências do Memorial do RS.
           Registros fotográficos de Marilene Huff e Cauê Nascimento

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Prorrogada inscrição para o Curso de Folclore da CGF - Ex-aluno tem 50% de desconto


     A Comissão Gaucha de Folclore, com o objetivo de divulgar as culturas populares do nosso estado está prorrogando as inscrições par ao curso de folclore 2017 e dando um desconto especial de 50% para os alunos que fizeram o curso de 2016 (isso mesmo... R$100,00)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Curso de Folclore da CGF 2017


 A Comissão Gaúcha de Folclore, instituição técnica da área do folclore, reconhecida pela UNESCO, e filiada à Comissão Nacional de Folclore, em parceria com a Fundação Santos Herrmann, realizará no anfiteatro do Memorial do Rio Grande do Sul, nos dias 10, 11, 17 e 18 de  junho Curso de Folclore CGF – 2017 (Gaúcho e Brasileiro), com duração de 40 horas aula, destinado a pessoas identificadas com os fazeres das culturas populares tradicionais em toda a sua abrangência, bem como para o público em geral.

       O curso tem, entre seus objetivos, a introdução à ciência do folclore, suas características e seu campo de ação, o estudo de conceitos  de cultura e seus reflexos na economia,  autores gaúchos e sua relação com a cultura regional, o estudo de festas e folguedos folclóricos e tradicionais, literatura oral com destaque para o cordel, trova e pajada; contribuição dos formadores do povo gaúcho ao seu patrimônio cultural, música e dança folclórica nacional com recorte gaúcho, introdução à formação de auxiliares de pesquisa e registro de culturas populares tradicionais, e a orientação sobre a aplicação do folclore no processo de ensino formal.

       O curso terá abertura no próximo dia 10 de junho às 08:30 horas, no anfiteatro do Memorial do Rio Grande do Sul, com aula inaugural proferida pelo músico, compositor, cantor e pesquisador Dorotéo Fagundes, versando sobre a “Gênese do ser gaúcho”.. 

        As palestras programadas serão ministradas por 21 professores folcloristas integrantes da Comissão Nacional de Folclore, da Comissão Gaúcha de Folclore, da Fundação Santos de Herrmann e de professores especialistas em música, teatro e literatura regional convidados. 

       Conta com o apoio institucional da Comissão Nacional de Folclore, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul e do Memorial do Rio Grande do Sul.

Inscrição: comissagauchadefolclore@gmail.com  até  07 de junho de 2017
Investimento pessoal de R$200,00  em depósito identificado
Depósito: Bradesco  Ag 1401 CC 020088-3 CNPJ 02279554/0001-03
Informações: comissaogauchadefolclore.blogspot.com.br  Cel: (51) 9.9999.0854;
Será concedido certificado formal de participação

segunda-feira, 1 de maio de 2017

THE VOICE KIDS E O PERTENCIMENTO - Por Ivo Benfatto*

            Fato absolutamente fantástico foi protagonizado pelo pequeno grande Thomas Machado, gaúcho de Estância Velha, no alto de seus 9 anos,  ao vencer o programa televisivo The Voice Kids 2017, da rede Globo.  Thomas, em todas suas apresentações demonstrou, além de muito talento artístico, sua identidade cultural, vestindo, sempre, bombacha, lenço, guaiaca, que o identificaram,  em rede nacional,  como um guri gaúcho cantor, um brasileirinho que tem orgulho do seu lugar, da sua querência, do seu pago, do seu jeito de ser, que sabe cantar o Rio Grande mas também sabe cantar o Brasil. Assim como Thomas, nós outros, que nascemos  ou que temos o gauchismo como referência,  também temos muito orgulho em nos reconhecermos e sermos reconhecidos  como gaúchos,  uma forma peculiar de sermos, acima de tudo brasileiros, pilchados ou não. Diante de fato tão significativo, que comemoramos e aplaudimos, é momento para algumas reflexões.

             A pessoa humana é essencialmente gregária. Portanto, precisa da companhia de outras pessoas para o seu  bem  viver,  o que não é tão fácil, diante da relação da busca de satisfação de vontades individuais na relação com as coletivas,  consideradas prioritárias como  objetivos comuns que unem e  favorecem a coesão interna dos  grupos sociais. Em razão da dualidade individual x coletivo, impõem-se ferramentas sociais que facilitem o convívio intra grupo dos indivíduos que precisam se reconhecer como iguais em direitos, mas também iguais em deveres. 

            Barbosa Lessa, em 1954, em sua  tese apresentada à plenária o 1º Congresso Tradicionalista “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”, discorrendo sobre as razões do nascente  movimento em sua forma organizada, assim afirmou: “ para que o grupo social funcione como unidade, é necessário que os indivíduos que o compõem possuam modos de agir e de pensar coletivamente. Isto é conseguido através da "herança social" ou da "cultura".e acrescentou:“E graças à Tradição, essa cultura se transmite de uma geração a outra, capacitando sempre os novos indivíduos a uma pronta integração na vida em sociedade.” Portanto,  o pertencer a um grupo social, possibilita aos seus integrantes viverem amparados   por uma cultura social herdada ou assumida livremente. Seus componentes , ostentam orgulhosamente seus símbolos, conhecem e praticam suas ideias, crenças e valores comuns, e valorizam suas  raízes que se somaram e que possuem a mesma importância. 

            Cora Coralina, nos seu versos magistrais assim afirma “ Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas” . Thomas Machado, com seu cantar, com seu jeito menino de ser  tocou o coração de milhões de brasileiros e deu sentido ao seu jovem viver.

“Em qualquer chão, sempre gaúcho. .Pelo Rio Grande, pelo Brasil”
*Membro do Conselho Estadual de Cultura
Presidente da Comissão Gaúcha de Folclore

domingo, 30 de abril de 2017

Outorga da Medalha do Mérito Cultural Professora Lilian Argentina, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre

               Uma linda tarde de abril. Assim poderia ser definido o dia 29. A Comissão Gaúcha de Folclore  reunida em sessão solene, no Teatro Glênio Peres, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre destinada a tradição gaúcha, realizou uma cerimônia capitaneada pelo Presidente Ivo Benfatto, seus vice-presidentes, Capuano e Rogério Bastos, a secretária Renata Pletz e a presidente da Fundação Santos Hermann, Paula Simon. 
          O Presidente da CGF, Ivo Benfatto, conduziu a cerimonia, chamou representantes da Comissão Gaucha e do Conselho Estadual de Cultura, e fez referencias à professora Lilian Argentina que emocionou a todos.
              Dia 24 de abril, passado, foi comemorado o dia da tradição gaúcha, por isso comemorarmos a passagem do dia 23 de abril, quando a CGF completa 69 anos de sua fundação e, como ponto principal, acontece a condecoração de pessoas e instituições que se destacaram no cenário cultural gaúcho com a Medalha do Mérito Cultural Professora Lilian Argentina, que neste 30 de abril estaria completando 95 anos de nascimento.
             Foi entregue a Moção de Reconhecimento e Aplauso à Invernada Cultural do “35” CTG, reconhecendo o mérito do Museu Glaucus Saraiva e da Biblioteca Barbosa Lessa como instituídas em Estatuto pelos fundadores.
           Fundado em 20 de Setembro de 1962, tendo como primeiro patrão Vitorino António Boff  e, atual, José Carlos Pinhatti, a entidade paranaense, que cultiva as tradições gaúchas foi homenageada com a Moção de Reconhecimento e Aplauso pelas atividades tradicionalistas que vem desenvolvendo desde sua fundação, ininterruptamente. 
 Receberam a Medalha do Mérito Cultural Professora Lilian Argentina:

ANTÔNIO CARLOS CÔRTES -  jornalista, escritor e ativista nas culturas populares tradicionais – carnaval.
CASA DO ARTISTA RIO-GRANDENSE – coletivo que agrega artistas que dedicaram sua vida cultura sua arte entregando-a com sensibilidade à sociedade gaúcha de todo o tempo.
CASADOS AÇORES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – sociedade cultural dedicada à pesquisa, registro, promoção e divulgação dos fatos folclóricos de origem açoriana.  
COLMAR PEREIRA DUARTE - Poeta, escritor, pesquisador e compositor.
GILBERTO MONTEIRO – músico, gaiteiro e compositor
LOMA BERENICE GOMES PEREIRA – cantora regionalista.
LUCIANO FERNANDES - protagonista nas culturas populares tradicionais na área das artes circenses e abnegado benfeitor junto à Casa do Artista Riograndense.
PADRE AMADEU GOMES CANELLAS – religioso tradicionalista, conselheiro benemérito do MTG.
PEDRO MARQUES ORTAÇA – músico, cantor e compositor missioneiro
SOCIEDADE BENEFICENTE E CULTURAL FLORESTA AURORA- associação cultural popular tradicional.
TERNO DE REIS IRMÃS FERNANDES – tradicional grupo folclórico feminino de arte folclórica dos reisados.


              O Presidente da CGF, Ivo Benfatto, conduziu a cerimonia, chamou representantes da Comissão Gaucha e do Conselho Estadual de Cultura, e fez referencias à professora Lilian Argentina que emocionou a todos.
Os homenageados com membros da Comissão Gaúcha de Folclore
             
Daniel Zardo leu o histórico da Comissão Gaúcha de Folclore

terça-feira, 25 de abril de 2017

A origem sangrenta dos Contos de Fadas - por Renata Pletz

Dentre as questões que permeiam o universo do imaginário infantil, recebem, sem dúvida, merecido destaque, os contos de fadas. Eles estão entre as primeiras histórias que conhecemos na infância, que com sua magia, lançam sobre nós um encantamento inesquecível, capaz de durar a vida toda. Todos terminam com a frase “e viveram felizes para sempre”, na qual acreditamos piamente. Seu otimismo, a constante vitória dos bons sobre os maus, o triunfo dos humildes sobre os orgulhosos, nos infundem esperança.

No entanto, os contos de fadas são muito mais que a realização das nossas fantasias e vão para muito mais além. Ao cruzar a fronteira do “era uma vez...”, entramos num mundo em que, como nos sonhos, a realidade se transforma.  O mundo real raramente é justo, mas nos contos de fadas quase sempre há generosas recompensas para os bons e severos castigos para os maus.

Esses clássicos possuem traços que remetem aos primórdios da humanidade, quando os homens sentavam-se ao redor do fogo para contar suas histórias, mas foi com o escritor francês Charles Perrault, no século XVII, que se inauguraram as bases deste novo gênero que faria história entre as histórias, a partir da publicação, em 1697, de Histórias, ou contos de tempos passados. A referida obra compõe-se de oito histórias tradicionais e entre elas figuram “Cinderela”, “A Bela Adormecida”, “Chapeuzinho Vermelho”, “O Gato de Botas” e “Barba Azul”

No posfácio de recente edição de Contos e Fábulas de Perrault, seu tradutor Mário Laranjeira ressalta a importância do pioneirismo de Perrault:

               “[ ...] essas histórias têm origem  numa tradição imemorável e são o que se costuma chamar de criação coletiva. Sua matéria é, em grande parte, retirada de velhas histórias orientais ou medievais, e Charles Perrault começou por contá-las a seus filhos. Depois elas serviram de tema a suas publicações. É dele, pois, o mérito de ter dado ao repertório da Mãe Gansa a sua existência literária. Mas faz parte da essência dos contos populares não pertencerem a ninguém em particular.” 

Jacob e Wilhelm Grimm, que também foram linguistas, filólogos e folcloristas, recolhendo material folclórico diretamente da memória popular, das lendas e sagas germânicas, na intenção de buscar as origens da realidade histórica “nacional”, publicam entre os anos de 1812 e 1822 grande produção, resultando no volume Contos de fadas para crianças e adultos ( Kinder-und Hausmärchen).  Algumas destas narrativas constam também na recolha realizada por Perrault, na França, a que prova a existência de uma fonte comum.

       Diferentemente dos contos de fadas amenizados e edulcorados, adequados às produções cinematográficas que hoje os pequenos conhecem, principalmente a partir dos anos 30 do século XX, com Walt Disney, essas histórias – em sua maioria recolhidas e adaptadas do folclore – tiveram, ao longo dos séculos, modificações no sentido de suavizar a violência e minimizar o substrato sexual das narrativas originais.

       Nas sucessivas reedições da obra dos irmãos Grimm, a própria dupla tratou de amenizar as passagens que julgavam mais brutais ou até mesmo picantes. Em pelo menos um caso célebre, a dupla suavizou uma história já publicada por Perrault: Chapeuzinho Vermelho. Na versão de Perrault, avó e menina eram devoradas, e o escritor salientava a moral da história, onde as crianças não devem falar com estranhos, para não virar comida de lobo. A dupla acrescentou a inventada figura do caçador, que aparece no final da trama e salva a pele de Chapeuzinho e da vovó, abrindo a barriga do lobo com uma tesoura.

           Muitos desfechos, com o passar dos anos, acabaram caindo no lugar comum. Como aquele antológico beijo no sapo que, como se em um passe de mágica, faz com que a criatura asquerosa transforme-se em um belo príncipe que até então sofria os encantamentos de uma bruxa malvada. Originalmente, a história não era bem assim. Na versão dos irmãos Grimm, a mimada filha do rei, ao invés de dar-lhe o famoso beijo que o aprisionava na maldição do feitiço, joga-o violentamente na parede a fim de matá-lo e livrar-se dos caprichos do sapo aos quais era submetida como dívida de gratidão, pois tendo sangue azul, jamais poderia deixar de honrar um compromisso assumido. O bicho havia resgatado sua bola de ouro no fundo do poço. Agora, em troca, deveria fazer tudo o que a nojenta criatura determinasse, inclusive levá-la para seu quarto.

Na famosa versão de Cinderela, os Grimm trazem à cena mutilações, quando as irmãs invejosas cortam partes dos próprios pés para que o famoso sapatinho de cristal lhes caiba,  e a morte dramática da madrasta da borralheira e suas filhas tendo os olhos devorados por pombos. 
No clássico Branca de Neve, de 1810, aparece o canibalismo, quando a própria mãe, e não a madrasta, enlouquecida de ciúmes diante à beleza da filha de apenas sete anos, ordena ao caçador que mate a própria filha e traga-lhe o fígado e os pulmões como prova. O caçador, com pena da criança, entrega-lhe as vísceras de um javali, que a mãe come, pensando ser da menina.

          Como a maioria dos contos de fadas surgiu na Idade Média, em rodas de camponeses, onde eram narrados para toda família, a fome e a mortalidade infantil serviam de inspiração, o que nos faz compreender a presença de criaturas horrendas, vindas do imaginário popular, e da temática que envolve violência e morte, o que para nossa concepção contemporânea de infância, pode causar certo estranhamento.

        À medida que os anos foram passando e a sociedade evoluindo no que se refere ao entendimento das especificidades das crianças, os contos de fadas também foram modificando-se, sendo, inclusive, interpretados sob a ótica da psicanálise, que encontra na Literatura Infantil uma alternativa para senão a solução, ao menos o tratamento de alguns conflitos e até mesmo transtornos dos pequenos. 

        Bruno Bettelheim, partindo do receio dos pais e educadores à cerca da crueldade e falta de verdade dos contos de fadas, que por muitos foram acusados sob a alegação de irreais e selvagens, afirma-nos que: 

          "Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter. Os contos de fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da adversidade _ mas apenas se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as quais nunca se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança que, se ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua ajuda e ela os conseguirá. As estórias também advertem que os muito temerosos e de mente medíocre, que não se arriscam a se encontrar, devem se estabelecer numa existência monótona _ se um destino ainda pior não recair sobre eles.” ( Bettelheim, 1980, pág. 32)

           Podemos constatar, por conseguinte, que os contos de fadas adaptaram-se através das sucessivas gerações e das mudanças dos olhares sob a infância, devendo ser difundidos, quer na literatura oral, quer na impressa, e consagrados sob os mais diversos aspectos no que concerne ao enriquecimento da formação de nossos pequenos e, acima de tudo, lidos e relidos incansavelmente para que continuem entretendo, ensinando e remodelando-se como prova de que acompanham a evolução da sociedade.

terça-feira, 18 de abril de 2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

O Folclore da Semana Santa - Professora Paula Simon Ribeiro

           Os costumes de Páscoa entre alguns povos europeus são anteriores ao cristianismo, que, tendo dificuldades em erradica-los incorporou-os na Páscoa cristã.

           O culto à ressurreição reinterpretou os elementos da antiga mitologia pagã européia, que aos poucos foi se fixando e assimilando novos costumes oriundos de outras culturas.

           Segundo pesquisadores o povo hebreu celebrou a primeira Páscoa no mundo no seculo XIII a.C. Para este povo a festa significava a liberdade do cativeiro no Egito, quando guiados por Moisés atravessaram o Mar Vermelho. Os objetivos desta festa uma das mais importantes do calendário hebreu, é o lembrar aquele importante  momento que representa o marco inicial da saída do povo judeu em direção à Terra Prometida. A palavra vem do hebraico "Pessah" que significa Passagem.

Qual a relação entre Coelho e Ovos de Páscoa?

            O ovo é símbolo da força vital, de nascimento, e entre os chineses era costume ofertar ovos desejando uma longa vida. Tanto o ovo como a lebre ou coelho são símbolos de fertilidade e nascimento mais antigos que o cristianismo.

           Os antigos consideravam o ovo como a célula misteriosa que dá origem a todos os seres, logo o ovo simboliza a continuidade da vida através do nascimento. A lebre é simbolo de fartilidade, pela maneira rápida como se reproduz, era o animal sagrado da deusa Ostara (venerada como deusa da fertilidade), e assim foi  incorporado aos costumes da Páscoa cristã.
Em todos os países católicos é costume na Páscoa a troca de ovos e coelhos de chocolate, de açúcar e de marzipã.

           Na região de colonização alemã é costume pintar ovos de galinha e ofertar às crianças. Semanas antes da Páscoa, mães, avós e tias as escondidas fazem este trabalho. Em algumas regiões é costume pintar ou respingar com anilinas os animais domésticos, cães e gatos para que as crianças saibam que o coelhinho já está perto aprontando os ovinhos de Páscoa.

           Ovos são decorados com recortes, papel crepom torcido em forma de rolinhos e colados nos mesmos, formando desenhos e combinando cores e muitos outros motivos que hábeis mãos das mães e avós produzem para alegrar as crianças.

           No Rio Grande do Sul, estado povoado por diversas etnias, existe uma confluência de traços culturais, que se mesclam nestas comemorações.
Inúmeras crendices e superstições estão ligadas à Semana Santa e à Páscoa. Muitas prescrições e proibições são seguidas pelo povo.

           Podemos citar algumas: como a Semana Santa é tempo de luto pela Paixão e morte de Jesus Cristo, é proibido tocar instrumento musical, cantar, assobiar e mais ainda dançar.

           Na Sexta feira Santa, dia da morte de Cristo não se deve matar animal, carnear nem ordenhar as vacas. Não se deve comer carne ou ovos, que devem ser substituídos por peixe. Não se deve usar facas ou instrumentos cortantes ( o pão deve ser partido com a mão ou cortado na véspera), homens não devem barbear-se, mulheres não devem pentear os cabelos, os sinos das igrejas não devem ser repicados, somente se pode usar as matracas. Antigamente era costume fazer jejum e penitência nestes dias de luto.

           É tradicional o costume de colher Macela (o povo diz marcela) na madrugada de sexta-feira antes do sol nascer. Segundo a tradição o chá feito com esta erva terá efeitos milagrosos em relação a males do estomago e intestinos.Esta tradição está ligada a uma lenda segundo a qual um surto de doenças e males atingiu Jerusalém na época da crucificação de Jesus. Na sexta-feira alguém colheu a erva e preparou uma infusão oferecendo a todos os doentes, que logo ficaram curados. Nada prova que foi a macela , mas a tradição popular perpetuou este costume.

            Neste dia para se obter indulgências deve-se matar cobras e aranhas, lavar o rosto antes da Aleluia e virar as imagens de santos de frente para a parede ou cobri-las com pano roxo, desvirando-as ou descobrindo-as após a Aleluia.

            O povo acredita que durante todo o ano o diabo fica preso aos pés de Deus, mas na Sexta feira santa ele está solto e é preciso ter-se muito cuidado para não cair em tentação e cometer pecados graves.

           O tema é vasto  é  não se esgota neste texto, muito ainda poderia ser dito.....

Contagem regressiva para mais um #vempromate

           Quando o assunto é ‘chimarrão’, não existe qualquer distinção, seja de
raça, crença, nível cultural, posição social ou financeira. A bebida do gaúcho é popular e democrática. Não importa se a cuia é simples ou decorada - bomba e térmica da mesma forma. O chimarrão agrada a todos (ou pelo menos a muitos).
            Com esse espírito, o Movimento Tradicionalista Gaúcho mais uma vez faz a frente na realização do #vempromate. A iniciativa começou em 2015, com o objetivo de comemorar o Dia do Chimarrão e do Churrasco (24 de abril). O convite é para que, neste dia, todo apreciador publique uma fotografia sua mateando e, na medida do possível, também encontre amigos, familiares e colegas para celebrar presencialmente a data.
            Quem digitar #vempromate nos sistemas de busca de mídias sociais, em especial Facebook, Instagran e Twitter, entenderá a razão pela qual o chimarrão é símbolo de amizade e hospitalidade. As fotos que aparecem no relatório da pesquisa, relativas à edição de 2015 e 2016, evidenciam o quanto o chimarrão é popular. Não tem lugar, nem hora do dia, quanto menos tempo ruim. Crianças apreciam, adultos, idosos, homens e mulheres... O mate é companhia no trabalho, na sala de aula, nos momentos de lazer, quando se está sozinho ou acompanhado, com pilcha e sem pilcha.
           
Segundo o presidente do MTG, Nairo Callegaro, o #vempromate está se consolidando no calendário de eventos da entidade. ‘Muitas vezes somos criticados porque realizamos com muito sucesso eventos competitivos, seja na área campeira, seja na área artística, e o #vempromate vem mostrar que, antes de competir, estamos disponíveis ao encontro, à união”, afirma.

Fonte: Sandra Veroneze
Assessoria de Imprensa MTG

sábado, 11 de março de 2017

CRENDICES POPULARES SOBRE A LUA - Paula Simon Ribeiro

           A grande maioria de nossas crendices herdamos de Portugal, onde o povo apesar de muito religioso acredita em muitas coisas que a lógica ou a racionalidade não explicam.

           No meio rural é crença generalizada que a lua tem influência direta em toda a atividade humana, especialmente na lavoura, na pecuária, no clima, nas chuvas e até mesmo na vida do homem.
Para quem lida com plantações, as fases da lua devem ser cuidadosamente observadas.

           Na crescente, como a palavra já diz, tudo cresce, particularmente as plantas de cima da terra, porque as debaixo da terra (batatas, aipim,e outros tuberculos) vingam melhor na minguante.

           É também na minguante que deve ser cortada a madeira para ser utilizada na cnstrução de casas ou na fabricação de móveis. Isso evita o caruncho na madeira. É também a lua indicada para enfrenar e castrar animais, pois os mesmos estarão menos sujeitos a hemorragias e sangramentos.

             Para obter frutas saborosas as mudas de árvores devem ser plantadas dois ou três dias antes da lua cheia.
Tudo que é plantado na nova de agosto floresce rapidamente, logo, é a lua boa para plantar flores e ruim para hortaliças que devem ser cnsumidas antes da floração.

            Legumes de cabeça (repolho, alface e outros devem ser transplantados na minguante e as folhosas (couve, radiche, espinafre etc.) na nova.

            Quem cria aves deve cuidar para que o nascimento dos pintos não ocorra na minguante. Se forem colocados "no choco" na minguante os ovos "goram" e perde-se a ninhada. A influência da lua e das tempestades no choco é neutralizada por um prego enferrujado ou pedaços de carvão colocados no ninho.

            Para o cabelo crescer rapidamente deve ser cortado na nova, crêem alguns, outros acreditam que é na crescente. É consenso  geral que quem tem muito cabelo e não quer que cresca logo deve cortar na minguante.
Em algumas regiões acredita-se que nas sextas feiras de lua cheia aparecem lobisomens.

            Em grupos mais primitivos acredita-se no maleficio da lua em relação à mulher grávida. Esta não deve dormir banhada pelo luar, pois o filho nascerá "aluado", "fraco da cabeça", (com problemas mentais). Para que a criança cresça forte e sadia é costume apresentá-la à lua e convidá-la para madrinha do bebe, que passará a chama-la de "dindinha lua" e lhe pedirá a benção.

           Não se deve deixar as fraldas do recém-nascido no varal à luz do luar pois este terá colicas. Se isto acontecer, a mãe com o filho nos braços o mostra para a lua e reza esta oração; "Lua, luar, me deste este filho e me ajuda a criar".

            A lua também é consultada na previsão do tempo. "Lua nova trovejada, toda ela é molhada", se chover durante a nova de abril todo inverno será chuvoso. Se estiver chovendo quando a lua cheia deve aparecer, a chuva para, pois "lua cheia come a chuva".

           "Quando míngua a lua não comeces coisa alguma", é um ditado popular que aconselha a não iniciar tarefa na minguante.

            É crença que a lua atende pedidos. Para obter-se algo que se deseje, deve-se fazer esta oração com muita fé olhando para a lua nova.
"Deus te salve lua nova/ Deus te dê um bom crescente/ da próxima vez que vieres/ Traga-me este presente (faz-se o pedido)

15 sem Barbosa Lessa

           Hoje, completa, exatamente, 15 anos que Luiz Carlos Barbosa Lessa nos deixou. Lessa nasceu em Piratini, no dia 13 de dezembro de 1929 e veio a falecer, depois de tres dias no hospital, em Camaquã, dia 11 de março de 2002. Folclorista, escritor, músico, advogado, historiador, produtor executivo de televisão, radialista, secretário de cultura do Rio Grande do Sul e um dos 20 gaúchos que marcaram o seculo XX.


            Ao mesmo tempo em que se dedicava à implantação do tradicionalismo, Lessa passou a pesquisar a música regional. Em 1957, criou a popular toada Negrinho do Pastoreio, canção é baseada na lenda escravo que, ao perder a tropilha de cavalos do patrão, é amarrado e jogado em um formigueiro para morrer. Dentre suas obras mais conhecidas destacam-se "Rodeio dos ventos", um épico sobre como seria vida do povo gaúcho, e "Os guaxos", pelo qual recebeu prêmio em 1959 da Academia Brasileira de Letras.

          Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo de construção do Movimento Tradicionalista Gaúcho desde a construção do 35.

          Hoje, sentimos saudades, pois não conseguimos desfrutar de tanto conhecimento. Que descanse em paz nosso grande mestre.

           São os votos e a homenagem da Comissão Gaucha de Folclore