segunda-feira, 1 de março de 2021

Diversões no Rio Grande Antigo – Pixurun


     A vida de nossa gente do “campo”, não era só trabalho, o preenchimento das horas de lazer na vida rural é feito, comumente, por diversas reuniões sociais. 

     A primeira, nessa sequencia de textos é o “Pixurun”. 

    Reunião que terminava em diversão: um encontro para realizarem em conjunto uma “empreitada”, um trabalho, num determinado dia. Os heróis das derrubadas, das roçadas, dos serviços, eram convidados, com suas famílias, para o banquete servido sobre toalhas de algodão, estendidas sobre a grama à sombra de copadas árvores. Aí, nessa doce intimidade de amigos, compadres e parentes, era banida qualquer etiqueta, respirava-se a suave atmosfera do mais cordial aconchego. Trocavam-se amistosas saudações entre os convivas até que todos, satisfeitos e confortados, passavam o resto da tarde entretidos.

     Em local combinado, é servido uma grande ceia com bebidas. Durante o fandango, acompanhado de canto em dueto, “corre” de mão em mão a aguardente fervida com açúcar, numa grande caneca onde é bebida com bomba, as “preparadas” com butiá, murta, laranjinha do mato etc. 

     Sobre esses encontros que terminavam em fandango, Dante de Laytano, em Folclore do Rio Grande do Sul, descreve: 

     “Os moços acompanhados de violas, entoavam poéticos hinos de amor e saudades, singelamente revelados em cada verso cantado; os velhos, no meio das famílias, sentados na relva, fumando cigarros de palha e fumo crioulo, comentavam o trabalho do dia, o qual, graças a Deus passou sem acidentes desagradáveis. Ao cair da tarde retiravam-se os convivas para a vivenda do dono do puxirun; ai era improvisado o tradicional fandango que ordinariamente terminava no despontar do sol. Nesse serão de danças não eram somente os mais moços que se divertiam, os velhos também se confundiam na sala, orgulhosos da correção com que sapateavam o Sarrabulho, a Roda Grande e outras danças primitivas que as modernas gerações têm preterido pelas modas importadas com a civilização”. 

As relações de convívio se processavam entre pessoas de mesma categoria social, isto é, entre os vizinhos de uma propriedade e outra. 

     Nessas diversões vê-se brotar animadamente a alegria. Todos brincam com semblante aberto. Os jovens de ambos os sexos dirigem-se mútuos gracejos com delicadeza e fino espirito, que lhes são peculiar. 

Continua...



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