Paula Simon Ribeiro
São João Batista
Primo de Jesus Cristo, filho de Isabel e Zacarias, nasceu em Judá. Os pais já idosos não esperavam mais ter filhos, pois Isabel tinha "o ventre fechado" como se dizia à época. Quando o anjo Gabriel avisou-os que teriam um filho, o pai não acreditou e foi castigado pelo anjo que o deixou mudo até o dia do nascimento da criança. O nascimento do precursor foi fixado para tres meses após a Anunciação e seis meses antes do Natal.
Quando o menino nasceu, ao ser perguntado que nome lhe daria, Zacarias recuperou a fala e respondeu que seria João que significa "Deus é propício".
João foi o profeta que recebeu a missão de anunciar e preparar a vinda de Jesus é chamado "O Precursor". João Batista batizou Jesus Cristo nas águas do Rio Jordão e pregou o arrependimento e a remissão dos pecados.
Morreu decapitado por ordem de Herodes, na Palestina em 29 de agosto do ano 31 d.C.
Por razões bíblicas é representado como criança de cabelos cacheados com um cordeiro nos braços. Na liturgia é representado por um cordeirinho e uma cruz com uma faixa branca com os dizeres "Eis o Cordeiro de Deus".
"São João chora, chora,/ Lágrimas de prata fina,/ pois lhe fugiu o cordeiro,/ por aquela serra acima"...
Conforme a tradição o Santo adormece no dia de seu aniversário e só acorda no dia seguinte, passadas as festas. Se ele acordar, vendo o clarão das fogueiras em sua homenagem, não vai resistir e virá à terra brincar também, o que provocaria uma confusão geral e o mundo incendiaria.
Outra explicação popular é que São Joãozinho costumava dizer que no dia de seu aniversário iria fazer tantas fogueiras que atearia fogo ao mundo, e sua mãe preocupada o fez dormir um grande sono na véspera, só acordando um dia depois de seu aniversário. Por isto até hoje se diz que quem dorme demais está com "dormideira de São João" .
"São João adormeceu,/ aos três dias acordou.../Acorda João acorda!/ que teu dia já passou..."
A tradição das fogueiras é muito antiga e em carta de perdão de D. Afonso V datada de 1451, vem citado o costume de saltar fogueiras na véspera de São João.
A igreja cooptou para si o hábito popular de fazer fogueiras em homenagem aos deuses pagãos e no início do cristianismo surgiu pequena lenda explicando a origem destas fogueiras.
Conta-se que as primas Isabel e Maria, estando ambas grávidas e morando distantes da casa uma da outra, combinaram que a que primeiro desse à luz avisasse a outra através de uma fogueira que deveria arder em frente à casa , para que de longe sua prima ficasse sabendo do nascimento de Seu filho. Isto aconteceu... e desde então o aniversário de São João é comemorado com fogueiras.
Encontramos em pesquisas na região do litoral muitas quadrinhas em louvor a São João, algumas de nítida origem portuguesa:
"Donde vindes , São João,/ Que vindes tão orvalhado?/Venho de batizar o Cristo,/ Cristo ficou batizado".
"Donde vindes, São João/ que cheiras a macela?/ Venho do rio Jordão/onde tem uma capela".
"Que lindo batizado/ lá no rio Jordão,/ São João batizou Cristo,/e Cristo a São João".
"De onde vens São João? /pelo campo sem chapéu/ Venho ver as fogueira/ que se fizeram no céu"
"La vem São João,/ com Maria pela mão/ São João é cravo roxo/ Maria manjericão".
O povo português acredita que a noite de São João é mágica e que nesta noite todos os encantos se quebram, tesouros escondidos reaparecem e o orvalho apanhado antes do nascer do sol tem propriedades medicinais.
É também um momento propício a adivinhações para o futuro, ou com quem vai casar:
- Escrever o nome de diversos candidatos (as) em pequenos papéis , dobra-los e colocar em uma vasilha com água. O papel que amanhecer aberto indicará o nome do futuro noivo (a).Uma variante: colocar ao sereno.
- Plantar três dentes de alho à noite cada um com um nome , o que tiver brotado na manhã seguinte será o escolhido.
- Enterrar até o cabo uma faca nova no tronco de uma bananeira. Antes do sol raiar retirar a faca e nela estará escrito o nome do eleito para casar.
- Para adivinhar com quem vai casar deve-se pingar gotas de cera de vela numa bacia com água. Os pingos solidificando vão formar o nome do noivo (a). Se aparecer um navio ou avião é prenúncio de viagem. Se formar-se um caixão mortuário é prenúncio de morte.
- Num pedaço de papel pingar algumas gotas de tinta e dobrar o papel em quatro partes, deixando no sereno. De manhã abre-se o papel e o desenho formado indica o futuro da pessoa, aparece a um avião ou navio indicando viagem, um desenho lembrando um casamento, ou a figura da morte.
- Colocar num prato com água duas agulhas que nunca foram usadas, fazer um pedido e aguardar . Se as agulhas se juntarem o pedido será atendido, se ficarem afastadas, a resposta é negativa.
Existem ainda muitas outras provas e sortes praticadas da noite de São João, variando a cada região.
Antigamente havia a tradição de na noite de São João, logo após acender a fogueira, soltar balões . Acreditava-se que os balões levariam recados e pedidos de graças ao santo. Atualmente este costume está em desuso, os balões ao cair em lugares muito povoados ou em matas, podem provocar incêndios e outros acidentes. entretanto, mesmo proibidos em algumas regiões a tradição persiste, apesar de ser crime previsto pelo Código Florestal desde 1965.
As comidas tipicas da festa junina são os produtos da terra e seus derivados: batata doce assada nas brasas da fogueira, pinhão, bolo de milho, canjica , pé de moleque e o tradicional quentão que não pode faltar.
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