Entre as sobrevivências que fazem parte de nosso acervo cultural, herdado de nossos antepassados, está este mundo mágico, povoado de crenças no sobrenatural, de misticismo, superstições, rezas fortes, simpatias, promessas e como não poderia deixar de ser, da vontade de manipular estas forças invisíveis.
As origens das crendices e superstições são tão antigas como o próprio homem, fazem parte de seu cotidiano e o acompanharam através dos tempos adaptando-se conforme o momento ou as situações nas quais o homem esteve e está inserido.
As crendices e superstições de modo geral não estão vinculadas à alguma religião (oficial ou popular), mas a pessoa que crê, segue um pouco de cada religião de acordo com suas necessidades e/ou interesses imediatos. Faz promessa para os santos da Igreja, faz novenas e acende velas em altar próprio em casa, frequenta a Umbanda ou Batuque, acompanha procissões, benze-se ao passar em frente a igrejas, usa guia de Orixás, não passa embaixo de escadas, usa um breve para proteger-se e um pé de coelho no chaveiro para atrair a sorte, teme gato preto e vira a vassoura atrás da porta para espantar visita incomoda.
Popularmente os termos crendice e superstição são usados indistintamente, entretanto, para o Folclore, existe uma diferença fundamental. Ambos referem-se a crenças ilógicas em coisas ou fatos que não são explicados cientificamente, mas quando estes fatos envolvem temor trata-se de superstição . Nesta classificação estão incluidos os "não presta" (não presta cuspir no fogo, não presta dormir com os pés para a porta da frente, etc).
Getúlio César (1) define Crendice como "crença incongruente e insólita gerada pelo medo doentio de pessoas que possuem religiosidade exaltada", e classifica os diferentes tipos de crendices em esquema simples, que facilita o estudo das mesmas.
Simplificando: crenças sem fundamento logico e sem explicação cientifica. Quando esta crença envolve medo é classificada como superstição.
As crendices e superstições geram ritos, atos e atitudes para "ajudar a sorte", tais como amuletos religiosos (objeto que se supõe possa imunizar o portador de qualquer maleficio) : reliquia, bentinho, medalha milagrosa, escapulario, fitas etc.
Ou amuletos profanos : figa, chifre, ferradura, patuá, talismã, mascote, breves etc.
As crenças exacerbadas levam ao devocionismo, que é a crença dirigida a um objeto especifico: pedidos, carta corrente, oferendas bents ou votivs, ex-votos, rezas milagrosas, rezas forçosas, benditos cruzes em estradas etc.
1 - CESAR, Getulio. Crendices, suas origens e classificação. RJ, DAC/MEC
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