Paula Simon
Mito ameríndio, conhecido no centro do país ha quase 300 anos, teve ampliada a sua area de abrangência após a veiculação da série infantil de televisão "O sitio do pica-pau amarelo", baseado na obra de Monteiro Lobato, que por sua vez empregou elementos da cultura popular em histórias infantis.
É descrito popularmente como negrinho de uma perna só que vive no mato, usa um calção preto, barrete vermelho com a ponta caída e fuma cachimbo. É moleque brincalhão e não faz mal a ninguém, apenas travessuras como amarrar a cauda dos cavalos, esconder objetos e outras brincadeiras de criança arteira.
Apesar de ter uma perna só, desloca-se n mato em grande velocidade, desaparece num lugar e surge em outro distante imediatamente, Se é visto por alguém logo procura fugir, se a pessoa o vê, deve rezar um Credo (Creio em Deus), ele dá um assobio muito forte e some numa fumacinha vermelha.
Diz-se também que o Saci vem em um redemoinho de poeira e para capturá-lo joga-se uma peneira sobre o mesmo. Não pode ser qualquer peneira, tem que ser de taquara cujo fundo seja formado a partir de uma cruzeta. É crença que se alguém conseguir tirar-lhe o barrete torna-se seu dono e ele passa a obedecer seu dono até conseguir apoderar-se de seu barrete novamente.
Estudiosos do Folclore como Rossini Tavares e Julieta de Andrade o descrevem como: "Saci Pererê, Sererê ou Saperê, negrinho de uma perna só, com barrete na cabeça e cachimbo na boca que se diverte em criar dificuldades na casa, nos campos e caminhos ermos". Para Câmara Cascudo "Pretinho, uma perna só, um olho só, mão furada, fuma cachimbo, assobia fortemente, esconde objetos" .
Há unanimidade no barrete vermelho, que lhe confere invisibilidade.
Em Portugal existe o mito do "Fradinho da mão furada" que também possui barrete semelhante. Na mitologia indígena segundo Santa Ana Nery, o Mati-Taperê é um anãozinho coxo.
O mito foi se transformando nos centros urbanos e tende a desaparecer, entretanto nas regiões afastadas, na zona rural ainda persiste.
Este mito aparece na Argentina na região de Missiones e arredores, como Yasi Yateré, como um pequeno homem loiro de cabelos longos. Anda despido e usa um grande chapéu de palha. Leva nas mãos um bastão de ouro que lhe confere poderes mágicos. Aparece nas "siestas" (horas de descanso após o almoço) e durante estas horas quentes faz correrias pelos campos, muitas vezes assustando o gado que se espalha também em correrias.
Alguns estudiosos dizem que é de origem guarani, outros acham que é de origem brasileira.
Difícil precisar sua pátria de origem, já que os estudiosos não possuem uma conclusão definitiva, a crença está espalhada por ampla zona da America que abrange Brasil, Paraguai, Argentina e Chile . Muda de nome em outras províncias, aparece como Casy Saperê, Yasi Yateré, Cacy Taperé e outros. Dizem que seu nome é a onomatopeia do canto de um pássaro, de onde vem seu nome, e quando canta ou assobia, desperta o medo nas pessoas que o escutam.
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