quinta-feira, 8 de junho de 2023

Contos do Curso de Formação Folclórica de 2022

 

Como forma de preservar e valorizar as manifestações culturais populares do Rio Grande do Sul, despertar o interesse e o gosto pelo folclore regional, bem como enriquecer o conhecimento de novos integrantes, a Comissão Gaúcha de Folclore disponibiliza o Curso de Formação Folclórica, todos os anos. Ao final do curso é solicitado um trabalho que, no ano de 2022, foi sobre a pesquisa e elaboração de um conto local.

Quem traz o conto de hoje é Patrícia Lautert.

 

História do nome de uma cidade chamada Uruguaiana

 

Naqueles tempos os campos eram totalmente abertos, não haviam fronteiras definidas. Por um rio dividia as terras, como acontecia pelas bandas do velho Uruguai que corria solto entre o Rio Grande de São Pedro e as terras lindeiras da Argentina.

Os gaúchos que cavalgavam de um lado para outro, instalando pousadas aqui e ali, um dia montaram um acampamento junto a um vau do Uruguai e por ali se instalaram, denominando a localidade de Passo de Santana. Logo, logo, criou-se junto aos ranchos um posto militar, que era para controlar os contrabandos.

No rancho de um campeiro, que tinha uma uruguaia por parceira havia nascido nos primeiros tempos uma menina muito linda, que batizaram com o nome de Ana, em homenagem à santa padroeira do lugar.

A moça crescia, ficava cada vez mais bonita e atraía a atenção de todos, embora ela não se interessasse por ninguém.

Um dia, porém, chegou um moço muito distinto para servir no posto militar. Era elegante no seu fardamento e, por sua vez, chamava a atenção das poucas moças do local. Quando, numa tarde, foi banhar-se no Uruguai, lá estava Ana, com seus longos cabelos negros, mergulhando graciosamente. Seus olhares logo se cruzaram e explodiu entre eles uma paixão muito forte.

Passaram a encontrar-se nos fins de tarde, à beira do Uruguai, rio que entrara definitivamente em suas vidas.

No entanto, no dia em que o pai dela descobriu o namoro, quis proibir que eles se vissem ou se encontrassem. Foi impossível. O amor era mais forte.

Veio, então, a medida extrema. Fez a moça embarcar, às escondidas do rapaz, para a terra de sua mãe (porque o Uruguai naquela época era navegável) e ela não teve tempo de, ao menos, despedir-se dele. Ficaria, em definitivo, no Uruguai, morando.

Mal pôde escrever na areia, junto ao rio, também às escondidas do pai, sua última mensagem, para indicar o seu destino e assiná-la: URUGUAI. ANA

Anos depois os farrapos juntaram os dois nomes para denominar a cidade que ganhou em definitivo Sant’Ana como Orago...



Por Francesca Mondadori

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