Como forma de preservar e
valorizar as manifestações culturais populares do Rio Grande do Sul, despertar
o interesse e o gosto pelo folclore regional, bem como enriquecer o
conhecimento de novos integrantes, a Comissão Gaúcha de Folclore disponibiliza
o Curso de Formação Folclórica, todos os anos. Ao final do curso é solicitado
um trabalho que, no ano de 2022, foi sobre a pesquisa e elaboração de um conto
local.
Quem traz o conto de hoje é Patrícia
Lautert.
História do nome de uma cidade chamada Uruguaiana
Naqueles tempos os campos eram totalmente abertos, não haviam
fronteiras definidas. Por um rio dividia as terras, como acontecia pelas bandas
do velho Uruguai que corria solto entre o Rio Grande de São Pedro e as terras
lindeiras da Argentina.
Os gaúchos que cavalgavam de um lado para outro, instalando
pousadas aqui e ali, um dia montaram um acampamento junto a um vau do Uruguai e
por ali se instalaram, denominando a localidade de Passo de Santana. Logo,
logo, criou-se junto aos ranchos um posto militar, que era para controlar os
contrabandos.
No rancho de um campeiro, que tinha uma uruguaia por parceira
havia nascido nos primeiros tempos uma menina muito linda, que batizaram com o
nome de Ana, em homenagem à santa padroeira do lugar.
A moça crescia, ficava cada vez mais bonita e atraía a atenção de
todos, embora ela não se interessasse por ninguém.
Um dia, porém, chegou um moço muito distinto para servir no posto
militar. Era elegante no seu fardamento e, por sua vez, chamava a atenção das
poucas moças do local. Quando, numa tarde, foi banhar-se no Uruguai, lá estava
Ana, com seus longos cabelos negros, mergulhando graciosamente. Seus olhares
logo se cruzaram e explodiu entre eles uma paixão muito forte.
Passaram a encontrar-se nos fins de tarde, à beira do Uruguai, rio
que entrara definitivamente em suas vidas.
No entanto, no dia em que o pai dela descobriu o namoro, quis
proibir que eles se vissem ou se encontrassem. Foi impossível. O amor era mais
forte.
Veio, então, a medida extrema. Fez a moça embarcar, às escondidas
do rapaz, para a terra de sua mãe (porque o Uruguai naquela época era
navegável) e ela não teve tempo de, ao menos, despedir-se dele. Ficaria, em
definitivo, no Uruguai, morando.
Mal pôde escrever na areia, junto ao rio, também às escondidas do
pai, sua última mensagem, para indicar o seu destino e assiná-la: URUGUAI. ANA
Anos depois os farrapos juntaram os dois nomes para denominar a
cidade que ganhou em definitivo Sant’Ana como Orago...
Por Francesca Mondadori
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